Vamos voltar a ter a pena de morte legalizada em Portugal?
Por aproximadamente 500 euros a malta escolhe se vive ou mata. E não há discussões.
"Um NÃO dito com convicção é melhor e mais importante que um SIM dito meramente para agradar, ou, pior ainda, para evitar complicações" (M. Gandhi)
E vamos esbanjar cerca de 10 milhões de euros para o referendo de 11 de Fevereiro ... repetir o que se fez em 1998, mas por causa das burocracias, agora é melhor pagar bem aos senhores e senhoras que vão estar nas mesas de voto, por volta dos 75 euros. Acho justo para qem não quer fazer a ponta e ficar ali a mamar no que é nosso, mas adiante.
Pergunto-me e questiono-vos se porventura sabem que desde 1984, é legal em Portugal abortar se:
- a saúde ou a vida mãe estão em risco;
- houver diagnóstico que comprove malformação do feto;
- se for provada a existência de violação.
Pois é, é mesmo assim, desde que se cumpra um ou mais que um dos pontos anteriores.
Ora bem, o referendo de 2007 propõe que a mulher possa abortar até às dez semanas, sem ter que dar qualquer explicação ou motivo para tal, nos hospitais públicos ou em clínicas privadas.
O Ministro da Saúde avançou até a hipótese de o Estado comparticipar o aborto feito por privados - quando não fez nem tão pouco alvitrou vir a fazer, por exemplo, o mesmo para tratar cataratas, hérnias, problemas de hemodiálise, esclerose múltipla, asma, ou outro problema que afecte a saúde de milhares de portugueses, segundo o Bastonário da Ordem dos Médicos.
Mas há coisas engraçadas.
Quando a mulher decide ter a criança, a lei exige que o pai, mesmo contra vontade, lhe dê o nome, pensão de alimentos, etc. e tal. Mas se decide não o ter, o pai não pode impedir o aborto - fica excluído da decisão de vida ou de morte do seu próprio filho.
A então ainda existente na proibição de abortar sem mais nem menos protege a mulher, que muitas vezes é fortemente pressionada a abortar contra vontade, pelo pai da criança, por familiares – ou até pela sua entidade patronal! -, a quem, neste momento, ainda pode responder que recusa fazer algo proibido por lei (nos estudos que existem referentes aos países onde o aborto é legal, mais de metade das mulheres que abortaram provaram que o fizeram obrigadas).
Não há melhor forma de ajudar o governo a demitir-se destas prioridades do que despenalizar o aborto (“para quem tiver problemas já pusemos os serviços hospitalares à disposição. Quem não os quiser usar, que resolva a sua própria situação ...”).
“No ponto em que o mundo ocidental e o país se encontram, com a população a envelhecer de ano para ano e o pessimismo a ganhar terreno, não seria mais normal que a esquerda se batesse pela vida, pelo apoio aos nascimentos e às mulheres sozinhas com filhos, pelo rejuvenescimento da sociedade, pelo optimismo, pela crença no futuro?” Excerto do artigo, de José António Saraiva, “Uma Cultura de Morte”, publicado no semanário “Sol”, em 2006.10.14 A Declaração dos Direitos do Homem explicita que os direitos são para todos, independentemente de raça, religião, sexo, etc.. A despenalização do aborto acrescenta um grande “se” à lista dos Direitos do Homem: todo o ser humano tem direitos, mas só se for desejado pela mãe.
Os pró-despenalização têm em conta a posição de um só dos intervenientes: a mulher. O “Não” ao aborto obriga-nos a todos, individualmente e como sociedade, a ter em consideração os dois intervenientes. Ao bebé temos obrigação de proteger e de permitir viver. À mulher temos obrigação de a ajudar, para que possa criar o seu filho com amor e condições dignas ou para que o possa entregar a quem o faça por ela, através de adopção (há gente que não pode ter filhos e adoraria saber o significado de ser Pai ou Mãe), etc ... .
Ficando este referendo com a votação do "SIM" como vencedora, se alguma mulher quiser abortar e escolher uma instituição hospitalar pública, vai ter, segundo a nova lei, que se identificar. Quem não o quiser fazer e pretenda continuar no anonimato, dirige-se a uma clínica privada e faz o serviço por lá sem que alguém venha a saber quem o fez e porque razão o fez, só que vai ter que pagar, e bem. Assim, abre-se uma nova oportunidade de negócio e um nova profissão, a de Abortista, ou Aborteiro, já que a profissão de Parteira vai ficar quase em desuso.
Mas ficamos sem saber quem vai trabalhar nestas cínicas privadas, se Médicos ou outras gentes, senão vejam, o Juramento de Hipócrates obriga a que um futuro médico diga que:
- Ao ser admitido como membro da profissão médica, juro solenemente consagrar a minha vida ao serviço da Humanidade.
- Guardarei o respeito e o reconhecimento que são devidos aos meus mestres.
- Considerarei a saúde do meu doente como meu primeiro cuidado.
- Respeitarei o segredo que me for confiado.
- Manterei por todos os meios ao meu alcance, a honra e as nobres tradições da profissão médica.
- Os meus colegas serão meus irmãos.
- Não permitirei que considerações de religião, nacionalidade, raça, política ou condição social se entreponham entre o meu dever e o meu doente.
- Guardarei respeito absoluto pela vida humana desde o início, mesmo sob ameaça.
- Não farei uso dos meus conhecimentos contra as leis da humanidade.
- Faço este juramento solenemente, livremente e pela minha honra.
e o cumpra.
Pois bem carissimos, deixo aqui para trás algumas linhas de pensamento, mas gostava que pensassem no seguinte: Uma mãe apanhada a roubar pão para o filho com fome não vai presa – é auxiliada. Mas ninguém diz que, por isso, o roubo deve ser despenalizado.
O que é que fazia se a filha de 12 anos lhe aparecesse gravida em casa....ou se aos 45 ou 50 anos a mulher ficasse grávida? ou se por acaso fosse dar uma e a coisa corresse mal e .... era melhor criar a criancinha na velha política de onde come 1 come 2 ou 3 como aconselhava o tio Salazar?
ResponderEliminarE aquelas raparigas que já tem 4 e 5 bambinos que já passam fome e que qd o gajo dela chega a casa com um bebedeira do caraças e lhe dá mais uma queca que ela queira ou não (pois tem todo o direito pois é o marido ou o chulo) e lá está a gaja de pipo cheio outra vez... o que é que fazia....
Fosga-se Nunca estive numa situação em que tivesse de tomar uma decisão difícil. Provavelmente não a tomaria, mas digo-vos , essa merda de argumentos do não é tudo mto giro, mas nos anos que se passaram desde o ultimo referendo não vi ninguém a tentar resolver o problema...a Igreja até dá dó com a merda de programa que arranjou (minha filha aguenta que Nosso Senhor vai-te ajudar, não te dá dinheiro para criares o Trombadinha mas vai-te ajudar, a turma do Bagão esse nem dó dão, é só mandar bitaites e não se vê mais nada a não ser o dinheiro a fluir para as campanhas do NÃO.
A turminha do Não que se deixe de merdas que qd estão apertados (com a filhinha ou a sobrinha etc) lá vamos nós a Espanha ou à Holanda e pronto, ninguém sabe de nada e nós votamos NÃO......assobiamos para o lado....
Tou mesmo a ver que votou no programa da Maria Elisa no Salazar....
Abraxos
Hugo Alexandre Luz
Olá Hugo,
ResponderEliminarMas é bem fácil descomprometer quem tem que arcar com o bem-estar da sociedade, não é?
Não se criaram condições para que as pessoas (mulheres) fossem acompanhadas e seguidas psicologicamente e juridicamente caso algo de estranho lhes acontecesse eengravidassem, e é bem melhor abortar e que se lixe o mexilhão.
É lógico se uma miudinha engravidar por este motivo ou por outro que se deva tomar resoluções mais difíceis, prender o violador, abortar, etc. tendo em conta o bem-estar da criança-mãe. Mas Deus nos livre de algo semelhante.
Lilia
Ó senhores, não se zanguem que não vale a pena!... É que não vale mesmo! No fim de contas, quem tem que fazer um aborto, vai mesmo fazê-lo, com ou sem a tal despenalização, que no fim de contas é o cerne da questão.
ResponderEliminarDe facto o que está aqui em jogo é se se prende a pobre coitada que se viu obrigada a tal acto, ou não.
Na realidade, e agora é só a minha opinião, não se deve penalizar. Creio que a maior penalização já está no momento do acto. Não sei o que se sente com a prespectiva de se fazer um aborto (felizmente), mas tenho filhos (rapazes e raparigas) e posso (tentar) imaginar uma situação de limite - alguém ter que abortar. Chegar a esse ponto, creio que já é penalizador e não me venham com as tretas do amor à vida e blá, blá...
É precisamente pelo amor à vida que se devem tentar entender as razões. Mas não vamos por aí, que não há referendo nenhum que possa englobar tudo, muito menos este.
Há muitos valores em jogo e, o que é lamentável, muitos valores económicos. Infelizmente até agora ainda não vi os médicos (esses que dão a cara pelo não) alegarem o valor da vida nem o juramento de Hipócrates, mas sim o valor das facturas que se pagam para atender condignamente uma mulher que precise de abortar... Ah pois é!
Meu amigos, não me falem de facturas, que há muitas por aí (e bem gordas) que todos pagamos (e não bufamos) e não são, seguramente, para cuidados de saúde.