Uma coisa do freak do Caeiro que deve ser tomada como referência para os que gozam de ser Portugas.

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo ... por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer, porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura ...

quinta-feira, 18 de dezembro de 2003

Viagens alucinantes (II)

... mas e no Metro ??!! ... no metro é qualquer coisa ...

O autocarro da empresa "Naõ faço publicidade" que nos aconchegou e nos proporcionou tamanho banho de fustigante sexo tântrico, chega ao Campo Grande após uma odisseia de contrabando de virus e espirros acompanhados de umas cotoveladazitas carinhosas e olhares de "agora passo eu está bem, ó merdoso de uma figa" (é ca malta ali é do bué da fiche, tázavêr??), bom ...

Encaminhamo-nos para aquela estação terminal, qual filme de a lista de ... o nome do dono dos elevadores, qualquer coisa Schind--- qualquer coisa não é??, eis senão, quando nos deparamos á entrada da dita estação de Metro, com um jovem bastante degradado a nivel de saúde, ali, de cócoras (a mim só de o ver dá-me uma dor de joelhos e rins que nem vos digo, todo o dia naquela posição !!) com um cartaz tipo um bocado de papelão já carcumido pelo fungo do Antrax ou qualquer coisa que o valha, com umas letritas assim que para o sumido ... bem, passamos pela peça e ao som da "olháraspadiiiiiiinha" ou "anda hoje, anda hoje, acaba em séti, olhátaluuuuuda", subimos umas esplendorosas escadas rolantes; aqui sim, aqui começa a fase final da Aventura do Poséidon (ou peidón como quiserem), é na verdade aqui que tudo começa, ou termina.

Mas tem que haver estratégia, epá, tem que haver estratégia: só na parte da subida das escadas rolantes (por vezes estragadas) temos que ter em conta quem, sim, quem vai á nossa frente, escolham gente que traga vestidos compridos, ou calças de cabedal justas ou longos sobretudos pois as supresas de um ataque químico paira no ar ... e se imaginarmos a cena ... nós no degrau de baixo, o vizinho no degrau de cima, vejam o desfazamento anal-ó-facial e digam lá se tem alguma piada, sentir logo pela manhã aquele som (pfffffffffffff) de tomahawk destemido em direcção à nossa carinha ... blágh ´pcaria ... entramos nas carruagens da morte já meio anestesiados.

Lembram-se do filme: A maldição dos mortos vivos, lembram-se?? Pois é, é a versão Lisboeta.

A espera pela carruagem é alucinante, faz-me sentir saudades daquele banquinho na Arca Constrangedora, com o parceiro do lado a babar-se no meu ombro, limpo e luzidio sem caspa ... ah saudades ....

Ok, até que enfim (vislumbra-se agora uma pequena movimentação de massas e um barulho ensurdecedor no arrastar dos pés das pessoas que vão passar por mais um teste de gravidez cerebral (só orgasmos Freudeanos) ... chega o comboio que nos vai levar para a fábrica.

Entramos e sentimos que estamos não só com as mesmas pessoas, bem idênticas às da camineta (gosto do termo camineta, sinto-me povo) com aquele ar convidativo de quem pensa (dassse mais esta merda outra vez) e sentamo-nos.

Nas caras das gentes paira aquele olhar frio e distante, qual Zombi entorpecido quando acorda de uma valente festa carregada de ácaros (o pó branco) ... e o comboio põe-se em marcha.

Algumas estações adiante, quando se abrem as portas para entrarem mais uns zombizitos, ouve-se, lá longe e num tom rouco e grasnante de saliva várias vezes reutilizada: "dá espaço óóóóó, não vês qu'o cego quer entrar ó car*lho!!! .... o cego entra, ninguém se preocupa em movimentar o pescoço pois pode apanhar um torcicolo e dar ares de aleijadinho e ficar com o dinheiro ao pobre diabo (Deus me perdoe). Começa a cantilena do ceguinho enquanto ao tentar andar (digo tentar porque é do tipo dois passos para a frente um para trás) tropeça dos envernizados e engrachados sapatinhos da plebe: "eu continuo a agradecer a quem tenha a amabilidade ou a bondade de maussiliareeeee" ... seguem-se alguns impropérios da parte do menos sortudo invisual que nem com asteriscos me atrevo a proferir, porque há gente pobre e mal agradecida, percebem??!! Nada dão a quem nada tem ... Sé lá vi (isto é o francês do meu amigo O Gordo)...

Chegando à Baixa-Chiado .... é o estrondo, o diluir de sonhos apoteóticos, é o êxtase, apocalíptico ... parece o gelado quando é espremidinho ... ora tá quase ora tá quase iiiiifffflup e vai tudo numa correria desenfreada para ver quem chega primeiro ao degrau de cima da escada rolante, para no final desta odisseia toda, ainda ter a coragem de se descuidar e olhando para trás, com desdém e fitando os olhos do parceiro já meio esverdeado que está no degrau mais abaixo, vociferar num tom amistoso: "Os gajos deram chuva para hoje mas está um sol fabuloso, bestial não é ???".

E faz-se luz ... passamos em frente de uma igreja onde escondido no seu esplendoroso pórtico principal, está o senhor que me ataca ferozmente todos os dias a chorar e a dificilmente (só tem dois dentes) conseguir dizer que só lhe falta um eurozito para finalmente ser internado no dia seguinte, mas ele persiste e continua á nossa espreita ... eis senão que outro desafio se nos depara, entramos agora no jogo do “escapa ao pombo que ele acerta-te” e vislumbra-se finalmente mas ainda a custo a gloriosa rua augusta ...

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