Uma coisa do freak do Caeiro que deve ser tomada como referência para os que gozam de ser Portugas.

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo ... por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer, porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura ...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2003

Quem somos ...! Para os de sessenta e setenta ...

Olhando para trás, é difícil acreditar que estejamos vivos. Nós viajávamos em carros sem cintos de segurança ou air bag. Não tivemos nenhuma tampa à prova de crianças em frascos de remédios, portas, ou armários e andávamos de bicicleta sem capacete, sem contar que pedíamos boleia. Bebíamos água directamente da mangueira e não da garrafa. Gastámos horas a construir os nossos carrinhos de rolamentos para descer ladeira abaixo, e só então descobríamos que nos tínhamos esquecido dos travões. Depois de colidir com algumas árvores, aprendemos a resolver o problema. Saíamos de casa de manhã, brincávamos o dia inteiro, e só voltávamos quando se acendiam as luzes da rua. Ninguém nos podia localizar. Não havia telemóveis. Nós partimos ossos e dentes, e não havia nenhuma lei para punir os culpados. Eram acidentes. Ninguém para culpar, só a nós próprios. Tivemos brigas e esmurrámo-nos uns aos outros e aprendemos a superar isto. Comemos doces e bebemos refrigerantes mas não éramos obesos. Estávamos sempre ao ar livre, a correr e a brincar. Compartilhámos garrafas de refrigerante e ninguém morreu por causa disso. Não tivemos Playstations, Nintendo 64, vídeo games, 99 canais da TV cabo, filmes em vídeo, surround sound, telemóveis, computadores ou Internet.

Nós tivemos amigos. Nós saíamos e íamos ter com eles. Íamos de bicicleta ou a pé até casa deles e batíamos à porta. Imaginem tal uma coisa! Sem pedir autorização aos pais, por nós mesmos! Lá fora, no mundo cruel! Sem nenhum responsável! Como conseguimos fazer isto? Fizemos jogos com bastões e bolas de ténis e comemos minhocas (blagh) e, embora nos tenham dito o que aconteceria, nunca nos caíram os olhos ou as minhocas ficaram vivas na nossa barriga para sempre.

Nos jogos da escola, nem toda a gente fazia parte da equipa. Os que não fizeram, tiveram que aprender a lidar com a decepção ... Alguns estudantes não eram tão inteligentes quanto os outros. Eles repetiam o ano! Que horror! Agora toda a gente passa. Não inventavam testes extras. Éramos responsáveis pelas nossas acções e arcávamos com as consequências. Não havia ninguém que pudesse resolver isso. A ideia de um pai a proteger- nos, se desrespeitássemos alguma lei, era inadmissível! Eles protegiam as leis!

Imaginem! A nossa geração produziu alguns dos melhores compradores de risco, criadores de soluções e inventores. Os últimos 50 anos foram uma explosão de inovações e novas ideias.

Tivemos liberdade, fracasso, sucesso e responsabilidade, e aprendemos a lidar com isso. Se Tu és um deles. Parabéns!

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