Uma coisa do freak do Caeiro que deve ser tomada como referência para os que gozam de ser Portugas.

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo ... por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer, porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura ...

segunda-feira, 28 de julho de 2008

30 minutos

Foi a média na fila para um dos dois bares existentes para servir a plateia do Parvalhão Tântrico neste fim-de-semana de jubilo oitentista.

Em apenas duas tentativas, ambas bem conseguidas, consegui pedir que me servissem duas imperiais, da primeira correu bem e paguei 5 erózes e 80 santinhos pelos dois baldes, da segunda e após mais uns trinta minutitos e de ter sido obrigado a assistir a um show lésbico de borla (as duas gajas estavam á minha frente e eu não podia fugir dali), cheguei ao balcão e disseram-me, informaram-me, muito educadamente “... Oh amigo, já não há cerveja ...”, eram nove e tal quase dez da noite quando me disseram isto, tinha entrado ali eram sete horas da tarde ... fiquei estarrecido. Depois de levar com quatro mamas a embrulharem-se à minha frente, cheio de sedinha, a tumescência morreu porque as miúdas que trocavam carícias eram dois verdadeiros coiros, aquilo a que vulgarmente chamamos “tanques de lavar a roupa” ...

Festa de arromba, era o que estava prometido para este sábado no pavilhão Multi-usos do Parque Expo. E foi, foi conseguido o objectivo. Uma coisa orgásmica: o nível de colesterol deveria rondar os 250, casalinhos quarentões, alguns cinquentões, outros, uma minoria, na casa dos vintes, tudo com um mesmo propósito: ouvir grande bandas dos anos setenta e oitenta.
Os Marillion conseguiram mesmo assim que alguns de nós tirássemos os pés do chão, mas quando chegaram os Stranglers ... muito bom, o povo delirou com os velhotes. Bem, o teclista ... já morreu e não sabe mas continua o que se pode chamar de verdadeira pedra. O cota ainda dá nas teclas. Até aqui tinha valido o preço da plateia, 30 érozes + IVA. O ambiente estava fantástico, umas vibrações estranhas invadiam-nos o corpinho, pensei de início que era tesão a mais, que estava emocionado, mas não, era mesmo a cena do som dos graves a encarquilharem-me as membranas cardíacas.

Não se podia fumar dentro do recinto mas o cheiro a “passa” invadia o ar repleto de odores de perfumes de verão. As peles cancerosas bronzeadissimas, as miúdas muito giras com os seus wonderbras a favorecerem as mamocas flácidas, os rapazes da minha idade, bem enfardados de um bom cozido ou de uma bela caldeirada, com a barriguita proeminente para tentar manter o respeito, coisa de quem gasta o dinheiro bem gasto em ginásios e restaurantes, todos, mas todos mesmo, estávamos ali para gozar o som que outrora nos tinha levado a criar as tão famosas festas de garagem. Diga-se de passagem, o que interessava naquelas festas era ter a chave da arrecadação para dar umas trepas á conta das revistas da GINA e depois voltar para a pista empoeirada para dar uns passitos de dança ao som destes maduros, ou dos Madness, ou dos DEVO, volta na volta lá levávamos com uma do Art "saliva" Sullivan só para desenferrujar a língua ... mas com um sorriso de estúpido vencedor estampado na fronha ... outros tempos. Incrível, naquela altura o preservativo durava um porradão de tempo na carteira, a malta não sabia o que era a sida e era sempre a “tirar a roupa ao bispo”, e o forno-a-lenha das miúdas era outro tipo de forno, fiável, bastava um tronco para arder aquilo tudo ... Ok, é melhor parar por aqui.

Depois dos Stranglers ... tenho que partilhar isto também, tenho um colega meu que diz que conhece muito bem este grupo, pois até há uma música em estrangeiro que começa assim “Stranglers inda náááááite, lá lá lá láááá lá lá lá lá lá lá lááááá ...”, valha-me Nossa Senhora, bem, depois destes freacks terem dado cabo dos meus tendões e me obrigarem a ir para a fila pedir cerveja, o que aconteceu, chegaram os fortalezas voadoras, a voar mesmo, já com quase oitocentos anos, os B 52 mostraram que o viagra e a coca sempre combinam, estavam pujantes e não acredito que fosse do Red Bull ... as velhotas então estavam uma pedra ... se o Cutileiro ali estivesse ...

Passei-me quando reentrei no recinto depois de um cigarrito ao ar livre, passei-me quando olhei para o palco onde iriam actuar os Meat Loaf e ... um pano enorme, a todo o comprimento e altura do palco com a fotografia de um grande político tuga com um olhar feroz e por cima a dizer “CASA DE CARNE”. Ainda perguntei à minha mulher se o que tínhamos fumado era mesmo feito na nossa tabaqueira ou se tinha sido uma prenda do Chavez ao nosso governozito ... mas a cena da “Casa de Carne” deve ser tradução do brasileiro “Miti Lóftchi” para o tuguêz “Mite Loft” ... talvez daí a cena da casa (loft), ou então era um bar de alterne e estávamos numa grande casa ... adiante, daqui a pouco ainda ligam pró Linhó a dizer que me conhecem, bem. O velho Meat Loaf (“Rolo de Carne”) estava em grande, e a isso se deve, como se comentava, a isso se deve ele ter posto uma banda gástrica (puta de conversa de velhos ...) pois estava bem mais magro e coiso e não-sei-quê.

Em suma, foi uma delícia, reencontrei gentes que já não imaginava encontrar, malta do liceu, gajos amigos que largaram a droooooga (desculpem, tive um espasmo) e por causa do Alemão esqueceram-se onde a deixaram e estão agora porreiros pá, mas tremem muito, foi do caraças. Ainda encontrei uma amiga que conheci quando ía a banhos à piscina dos Olivais aos fins-de-semana e sem querer nos perdíamos nos balneários e trocávamos fluidos. Para os que não sabem, os Olivais tinham uma piscina olímpica e uma piscina de saltos de competição ... e balneários, isso.

Bem, não se deixem endrominar pelas cenas fatelas do nosso Sócretino “meninistro” que à pala dos futuros carros eléctricos faz com que a malta vá de férias a pensar que não tem mais nada com que se preocupar, vai tudo com o número 30 na mona ... 30% de desconto no IA meu, e 30 minutos de fila para mamar uma cerveja. Há coisas do caraças, mas tá porreiro pá. Um concerto para velhos que durou seis horas e só se conseguiram beber duas cervejitas. Tudo para que nada acusasse no balão quando fossemos para a estrada, não é??!! Bem pensado oh organizadores, muito bem esgalhado, sim sanhora meus animais.

Quase que matavam aquela velhada toda, não fossem uns mais audazes a irem ao centro comercial do Vasco buscar umas garrafas ao supermercado ... tinha-se poupado na Segurança Social umas centenas de milhar de euros valentes ... estou a ver as parangonas do 24 horas “Milhares morrem desidratados no Parvalhão Tântrico”; “Sóquitas poupa milhões com desaparecimento de pré-reformados”. Tudo em 30 minetes, perdão, minutos, 30 minutos.

1 comentário:

  1. Mais uma narrativa fantástica! Hilariante, porém lúcida e séria como sempre.
    Obrigada por fazeres rir. E pensar.

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