Uma coisa do freak do Caeiro que deve ser tomada como referência para os que gozam de ser Portugas.

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo ... por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer, porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura ...

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Por falar em gerações rasca

Quando falamos em 33, 45 e 78 apercebemo-nos de que só alguns de nós se lembram de quando empregávamos variadissimas vezes este números. Refiro-me às rotações do gira-discos para ouvir discos em vinil. Lembram-se? Pois bem, hoje, fazem-se crónicas sobre o pessoal que tem agora 30 e 40 anos e chamam-se abjectos e com razão aos putos de 15s e vintes aninhos, mas lembram-se do que fazíamos antigamente?!

Vou-vos relembrar umas coisas que esse pessoal que escreve não gosta de falar, se calhar porque não viveu as cenas com as quais vos vou avivar a memória.

Caiu-se num sistema estúpido de só se falar nas coisas que apareciam na televisão ou das torneiras públicas nas quais saciávamos a sede, e à parte das famosas séries que todos e mesmo os que nunca as viram, hoje já se lembram (Verão Azul, o KIT, Vickie, Dartacão, Os heróis de Chao-lin, Sandokan, etc), ninguém fala na revista GINA, porra meus amigos, a GINA que a tanta gentinha do meu tempo deu momentos de prazer únicos ... aqueles diálogos eram surreais ... bem, páginas coladas e siga; aquelas noites em que a malta ía ao Bora-Bora e depois já desvairados com as bebidas, arrancávamos para o 2 e ouvíamos música e curtiamos durante toda a noite; as festas nas garagens organizadas por malta cujo primeiro objectivo era juntar o máximo de miúdas num espaço único e ter assim o poder de deixar ou não entrar o pessoal na festa (era o início de uma grande profissão: Porteiro de discoteca) ...e as arrecadações dessas festas ...; os passeios da escola, as excursões que a malta gramava eram mesmo as que nos levavam durante um fm-de-semana para fora do castro onde habitávamos, em que tudo combinadinho o mínimo que nos podia acontecer era dormirmos com quem jamais imaginávamos alguma vez o vir a conseguir, mas fora de casa tudo era acontecível; e ... fumar??!! tás parvo ou quê, nada disso, a coisa tinha que ser o mais saudável possível; e quando apareceu o preservativo, eram mais os que nos escapavam por entre os dedos e serviam de balões e estupidezes afins dos que os que eram utilizados para o efeito, não havia medo nem receio; a primeira narsa era sempre com malta amiga e nunca metia gente desconhecida, agora ...; as namoradas eram sempre as miúdas mais importantes até aparecerem outras namoradas, tinham todas direito ao seu reinado; íamos para as piscinas municipais e bebíamos água do chuveiro sem medo, tomava-se banho sem ter receio que o sabão caísse e o tivéssemos que apanhar, agora ...; usávamos ténis Sanjo e fazíamos torneios de hóquei nos páteos; éramos todos do MRPP ou delirávamos com o Arnaldo Matos ou com o Pitacas Antunes, ou éramos das casas partidárias que proliferavam em cada freguesia, e andar ao estalo não era vergonha, despachar umas galhetas e abrir cabeças era coisa que no dia a seguir toda a escola sabia e ... tudo pró Conselho directivo, agora ...; levávamos lanche para a escola e bem feitinhas as coisas ainda comíamos o que não levávamos de casa; os livros da escola davam para o irmãos os partilharem nos anos seguintes; fazia-se campismo selvagem sem receio das pessoas, só mesmo dos javalis e dos bois; o Vasco Granja apresentou-nos uma das primeiras palavras estrangeiras, “Koniec”, na altura ainda pensava que era o nome do artista, mas era mesmo o Fim.

Muito haveria para dizer, e misturadas as coisas e sintetizando, para os putos de agora:

“o dois em Cascais” deve ser uma estátua;
a GINA deve ser a gaja que trabalha na casa de alterne;
“Bora-Bora” é “bute lá e baza meu”;
festas na garagem ... já não há garagens ou putos que vivam em sítios que tenham garagens que dêem para fazer festas;
as excursões são feitas agora para morrer fora do País e de preferencia em Espanha;
fumar já é moda desde os doze anitos;
namoradas??!! é logo pra casar;
as grossuras ... acordam em sítios que não conhecem e com quem nunca viram nem tão pouco sabem o que estiveram a beber;
usar preservativo é obrigatório e não se pode fazer mais nada com aquilo pois é caro;
tomar banho com gajos é rabinoceirice e perigoserrimo;
ténis só AllStar e torneios só mesmo de playstation;
partidos políticos ... que é isso? Ah, festa do Avante?! do coiso, esse ...;
andar à chapada é perigoso, podes levar agora uma facada;
Conselhos directivos ... já não há pois não??!!;
a bucha que levávamos para a escola foi substituída por dois euros diários;
livros da escola têm que ser novinhos todos os anos pois além de terem gralhas a corrigir pois inventam-se merdas novas sem interesse todos os dias;
campismo agora só no hotel de beira de estrada e mesmo assim vai lá vai, e que é que são javalis?!;
quem é o Vasco, Vasco quê??!!

E somos nós a geração rasca, dasssse ... e ainda só vou nos entas e coisa.

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